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Uma confraria com mais de 400 anos com o selo do Rei D. Luís

Bruno José Ferreira
Cultura \ segunda-feira, abril 22, 2024
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Meados de agosto é, em Brito, sinónimo de festividades em honra de Nossa Senhora do Rosário. É assim há mais de 400 anos, sob a liderança da Confraria de Nossa Senhora do Rosário.

Meados de agosto é, em Brito, sinónimo de festividades em honra de Nossa Senhora do Rosário. É assim há mais de 400 anos, nos dias 14 e 15 de agosto, sob a liderança da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, cuja fundação remonta a 1609. José Campos é, desde 2011, presidente da Comissão Administrativa, o órgão que tutela a Confraria, sendo o pároco da freguesia o órgão de vigilância da instituição britense.

“Temos os antigos estatutos da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, que confirmam a fundação deste organismo, que é da igreja, ligado ao culto, em 1609”, dá conta José Campos, aludindo à antiguidade da organização. “Tenho também documentação antiga, uns censos realizados em 1758, em que é referida a confraria”, complementa aquele que é um dos Irmãos da Confraria.

Atualmente são cerca de 250 os Irmãos desta Confraria, uma espécie de associativismo em que cada pessoa se pode filiar. Já foram muitos mais no passado, sendo que hierarquicamente vão subindo conforme a antiguidade. José Campos filiou-se em 1984, já lá vão sensivelmente quatro décadas, sendo que no próximo ano será Juiz da Confraria. “De acordo com os estatutos, quando algum dos irmãos morre tem direito a dez missas. Todos os meses temos uma missa pelos irmãos vivos e falecidos, a primeira missa do dia do primeiro domingo de cada mês”, explica o presidente da Comissão Administrativa.

Entre as principais atividades da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, está a organização das Festas de Nossa Senhora do Rosário, nos dias 14 e 15 de agosto. “Os estatutos permitem que a confraria se expanda para outras áreas, em termos sociais. Neste momento não está a acontecer, mas é uma possibilidade no futuro”, contextualiza José Campos. Por norma, as celebrações contemplam “dois pontos fortes”, uma em cada um dos dias:  procissão de velas no dia 14, juntamente com arraial, e, no dia 15, a Missa Solene. “Há também uma tradição muito antiga, que é ter uma banda de música” a participar nas festividades, algo nem sempre tem vindo a acontecer. “Nos últimos anos, temos conseguido isso, trazer cá uma banda de música”, aponta José Campos.

No seu espólio, conta com objetos de grande valia histórica, como por exemplo “os estatutos assinados pelo Rei D. Luis, em 1863, com o selo branco do rei”, ou até uma “bandeira muito linda em madeira, muito pesada, que dizem que é do início da confraria”. Mas é nos objetos religiosos, ligados à celebração de missas, como um turíbulo, recentemente restaurado, que reside o seu património mais valioso. “A casa que nos fez esse restauro perguntou se sabíamos a antiguidade, e o valor, daquela peça, e de outras”, atira José Campos, lembrando a resposta: “São do princípio do século XVII”.