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Oportunidade de conhecimento para a Caldelas romana

Gonçalo Cruz
Opinião \ quinta-feira, setembro 24, 2020
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Os trabalhos de escavação que começam por estes dias e o acompanhamento arqueológico das obras a realizar, prometem um conjunto de importantes revelações sobre o passado das Taipas.

Caldas das Taipas Centro - Praça Dr. João Antunes Guimarães

Caldas das Taipas Centro - Praça Dr. João Antunes Guimarães

Tal como tem vindo a ser noticiado, quer pelos órgãos de comunicação, quer pela Junta de Freguesia de Caldelas, terá início dentro em breve a execução da reabilitação do Centro Cívico de Caldas das Taipas. Ao contrário do que era habitual há umas décadas atrás, em que obras significavam destruição, por vezes apenas travada pela ação de individualidades locais interessadas na preservação do património, os projetos de reabilitação urbana em áreas nas quais se antevê a existência de vestígios arqueológicos, são, hoje, uma janela de oportunidade para o conhecimento do passado. Não raras vezes, as obras de reabilitação são o mote para promover a investigação arqueológica de um dado local, posto que se garante, no decorrer das obras, o registo e salvaguarda dos bens arqueológicos eventualmente existentes.

Recordamos que algures no território por onde se estende, hoje, Caldas das Taipas, existiu um importante povoado na época romana, quiçá um vicus ou aglomerado urbano secundário, cuja fundação e prosperidade estariam ligados ao aproveitamento das águas termais. Pouco se sabe sobre este aglomerado. Conhecem-se apenas os vestígios das termas romanas, no local onde hoje se encontram os Banhos Velhos, e a célebre Ara de Trajano, monumento que, embora relevante e único na região, pouco nos diz sobre as dimensões e estrutura urbana desta antigo povoado. Existem, é certo, outros indícios no território envolvente, como o marco miliário recolhido em São Clemente de Sande, ou a ponte de Campelos, que nos sugerem o traçado do que seria uma importante via.

Desconhece-se, portanto, se o povoado romano foi previamente projetado, ou se foi um núcleo que se desenvolveu de forma orgânica; se teve uma fundação oficial ou se foi um aglomerado surgido espontaneamente; se teria um estatuto municipal (como terá tido Vizela, na época romana) ou se estava integrado num município mais vasto; enfim, se terá tido uma organização espacial típica de uma pequena cidade provincial, com um corpo cívico próprio. Tão pouco sabemos como se chamava então a povoação.

É por isso que, e pela primeira vez com esta envergadura, depois das pequenas sondagens realizadas no decurso das obras nos Banhos Velhos, os trabalhos de escavação que começam por estes dias e o acompanhamento arqueológico das obras a realizar, prometem um conjunto de importantes revelações sobre o passado das Taipas. Prometem sobretudo retirar conclusões em relação aos diferentes "palpites" que vamos dando, discussão na qual nos incluímos.